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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Kinesio tape







Alguns de vocês talvez se lembrem que apesar de eu conseguir correr ultras distancias, tenho problemas sérios na coluna como hérnias de disco e protusoes discais, o que há algum tempo atrás me causava dores muito fortes na lombar ate me impedindo de treinar.

Um exemplo foi há dois anos quando fui correr 100km em Santander na Espanha. Mais ou menos um mês antes da prova estava com muita dor de dente e descobri que era um canal que tinha que tratar, ainda consegui correr a meia da tribuna em incríveis 1h18minutos mesmo com dor. Quando fui tratar, de tanta dor travei na cadeira da dentista mesmo, cheguei com 34 anos de idade e sai com 80 e não e' exagero.

Sai todo curvado mal conseguindo andar, e o pior e' que só faltavam três semanas para os 100km, fiquei desesperado, já tinha comprado passagens e estava inscrito, tinha conseguido licença do serviço e tinha travado!!!!

Foi ai que encontrei minha salvação, um amigo fisioterapeuta, quiroprata e craque na acupuntura. O Atef Yassin, era dificil de acreditar como eu estava torto, tanto que ele tirou ate fotos para futuras avaliacoes e ate mesmo palestras, ele me disse que iria me curar, começamos com algumas manipulacoes e entramos com o tratamento com agulhas, o tempo estava curto e em duas semanas já estava com a postura reta, porem o tempo todo eu ficava receoso de travar de novo, o que no meu caso só atrapalhava.

Deixa eu explicar, quando fui tratar o canal fiquei tão tenso com a dor, que toda a musculatura que envolve as vértebras da lombar involuntariamente se contraiu comprimindo a hérnia, o que me fez travar e o Atef conseguiu fazer com que a musculatura se soltasse novamente para eu voltar a andar reto e ate mesmo correr. Pra minha alegria não só fui para a Espanha, como consegui chegar na 24ª posição no geral e 5º na categoria com o tempo de 9h30minutos em um circuito de 10km com subidas e descidas.

Dai em diante passamos a cuidar deste meu problema uma vez por semana, aprendi a exercitar músculos muito difíceis com exercícios de respiração,equilíbrio e propriocepcao, desde então nunca mais travei, apesar de continuar com as hérnias na lombar.

Acho que tudo depende da forca de vontade da pessoa e e' lógico da ajuda de um profissional competente. Agradeço muito a este cara que já e' mais do que meu fisio e' meu irmão praticamente.

O Atef acabou de voltar da Austrália, pais numero um em fisioterapia, onde foi estudar novas técnicas da profissão, Pra minha sorte ele chegou duas semanas antes de eu ir para a spartathlon e me apresentou a Kinesio tape, que já e' utilizada por atletas do mundo inteiro e aceita ate mesmo nas olimpíadas, serve para curar lesões musculares entre outras.

Bem, pra resumir em linguagem leiga, quando colocou a fita em minhas costas a impressão que tive foi de segurança e aproveitamos também para colocar nas minhas pernas que estavam fadigadas devido ao treino, quando cheguei na Grécia vi diversos atletas utilizando em diferentes partes do corpo, joelhos, posterior da coxa, panturrilhas, costas fiquei impressionado com a quantidade de atletas utilizando e eu recomendo e indico para qualquer tipo de atleta independente do esporte, KINESIO TAPE. ultra abracos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Volta aos treinos




Depois de duas semanas de descanso da spartathlon e readaptação ao fuso, já estou treinando novamente, por incrível que pareça não sofri nenhuma lesão, somente o cansaço que e' natural e decorrente do esforço dos 246km.

Agora e' voltar lentamente, 6 minutos por km no máximo uma hora por dia. Ultra abraços a todos. E não se esqueçam, o segredo e' o dia a dia.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Algumas fotos da Spartathlon

Com o Treinador e Amigo Valmir Nunes - Festa em Atenas

Com Thiago, Agda e Costa - Festa em Esparta


Na Chegada



Spartathlon 2010 - 49º lugar Tempo 33:49








E' com muita alegria que escrevo este post , porque parece que fui a uma batalha e venci, só que o oponente era eu mesmo.
A Grécia e’ um pais lindo cheio de paisagens deslumbrantes, mas aquela corrida que e’ forte ate no nome "SPARTATHLON", e’ para poucos porque alem do percurso ser duro com muitas montanhas e diferenças de temperatura, o fator que mais assustou foi o tempo Máximo de 36h. Existe um limite para chegar nos check points, um minuto a mais e esta fora, isso vai minando o psicológico e o atleta não pode perder tempo. Tem que correr a todo momento.
Senti muito o fuso horário de 6h a mais, e larguei com muita dor de cabeça, no km 15 tomei um analgésico e melhorei. Minha esposa Soraya so tinha duas opcoes : ir com a organizaçao que a levaria direto para Esparta , ou ir com a equipe da Tv Tribuna acompanhando o Valmir , sendo esta ultima a decisao tomada , então só a vi uma vez e tive que correr somente com o apoio da organização, ‘ALONE’ como o disse o grego da organização para mim no meeting um dia antes.
Daí em diante fui tentando manter um ritmo constante, mas foi batendo um cansaço e eu fui sendo ultrapassado, eu não me importava, só de estar ali para mim já era o suficiente, consegui chegar no km 81 com 8h23 minutos, troquei de camisa, fiz uma massagem e continuei. Fui fazendo amizade durante a corrida com atletas de diversos países, alguns atletas são mais frios, outros mais alegres. Por falar em frio, não calculei direito aonde deveria deixar minhas roupas quentes e sofri muito com uma tempestade que caiu no inicio da noite derrubando a temperatura e meu melhor amigo foi uma capa de chuva que encontrei em um dos pc’s. As 9h33 da noite cheguei no km 124 mais ou menos na 80ª posição, troquei de roupas peguei minha lanterna , comi um arroz sem sal que me deram e segui sem perder muito tempo. Fiquei feliz porque geralmente quem consegue chegar ate esse PC’ vai ate o fim, mas a noite estava apenas começando.
Comecei a ficar muito exausto durante a madrugada principalmente devido a alimentação, pois a comida deles e' muito diferente então só conseguia comer torradas, bolacha de água e sal e muitos torrões de açúcar, estava muito enjoado, cheguei a comparar a prova a uma penitencia que eu tinha de superar.
No Km 159 mais ou menos 4h da manha depois de subir uma serra enorme, cheguei a base de uma montanha, me disseram que eu só tinha 20 minutos para chegar ao topo, e eu tive uma descarga de adrenalina que me fez subir ou melhor escalar correndo, tive muito medo porque era muito íngreme e escorregadia, qualquer descuido e era morte na certa. Sentia ate tontura devido a grande diferença de altitude, quando cheguei no topo fiquei aliviado ao saber que estava adiantado 20 minutos, sentei um pouco. Felizmente tinham me dado informação errada que acabou me ajudando. A temperatura era de 4 graus, mal sentei colocaram dois cobertores em cima de mim, tomei algo quente, não me lembro o que! Me levantei e desci a montanha correndo pois não tinha forcas para descer andando, quando acabou a montanha voltei a andar, era um passo na frente do outro. Logo depois encontrei o brasileiro sargento da Rota Rosivaldo que também me ultrapassou. A esta altura só queria saber de chegar no fim não importando a colocação, o dia amanheceu e eu andava e corria todo o tempo. Cheguei a ficar entre os últimos no km 172 as 7h da manha mas não ligava. A desclassificação por tempo era meu maior medo. Consegui comer algumas frutas e comecei a pedir refrigerante puro, ate então tudo era quente e misturado com água. Finalmente no km 195, 10h36 da manha do dia 25, encontrei minha sacola com minhas meias de compressão, demorei quase 10 minutos para coloca-las, mas sabia que ia valer a pena. Voltei a correr e logo cheguei na estrada.
De cara vi uma enorme fila indiana de atletas e comecei a alcança-los, foi quando encontrei um pessoal que mora na Grécia e são da organização, são eles a Agda, brasileira, o marido dela o Costa, um romeno que fala português e o Alberto Cross soldado da Rota que já tinha desistido da corrida. A Agda que e’ evangélica começou a falar que Deus ia me dar forcas e me disse que o Valmir havia sido desclassificado e que a Soraya minha esposa já estava na chegada me esperando, e quando cheguei no próximo PC, esse pessoal me deu um refrigerante bem gelado finalmente e um energético também gelado, somando todos estes fatores e a vontade de chegar, incrivelmente fiquei forte e comecei a correr como se tivesse acabado de acordar. Nem eu mesmo acreditava que aquilo estava acontecendo, depois de sofrer a noite inteira, eu estava de volta, comecei a voar literalmente, não sentia meus pés de tanta dor, ultrapassava um a um e todos me aplaudiam o que me dava cada vez mais força, era um misto de emoção e alegria. Os gringos gritavam ‘bom trabalho’ e eu corria cada vez mais, fui passando todos os concorrentes ate' a fila ir diminuindo, só olhava as placas 30, 20km para chegar e não conseguia parar de sorrir. Ate que cheguei a Esparta, todos nos carros que passavam na estrada batiam palmas e gritavam "bravo! bravo!". Ate' que nos últimos kms fiquei muito fraco e voltei a andar, pensei ate em trocar meu relógio por refrigerante em um comercio, mas fiquei com medo de ser desclassificado. Meus oponentes começaram a me passar novamente e de repente vi os atletas virando a rua e um japonês gritou "500 metros" , não sei de onde tirei mais forças e voltei a correr muito rápido, quando entrei na ultima rua não contive a emoção e comecei a levantei os braços, era o fim daquele martírio , só queria ver minha esposa e abraça-la e finalmente beijar o pé’ da estátua mais bonita que já vi na vida. O Rei Leonidas ou seja a chegada. Terminei na 49ª colocação com tempo de 33h49 minutos. Primeiro brasileiro, segundo da América do Sul e o terceiro das Américas. Foi uma emoção muito forte e muito compensadora. Uma verdadeira batalha que venci.

Harry Serrao.